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A Resposta de Deus ao

Problema da Decepção

2 Reis 5: 20-27

Você já teve dias em que nada acontece de acordo com seus planos? Já levantou de manhã, planejou o que ia fazer naquele dia, esboçou suas atividades, de modo que sabia exatamente o que ia fazer? Então, quando chega a noite e você relembra o seu dia, verifica que não pôde fazer nada do que havia planejado. Muitas pessoas vivem assim dia após dia, pois raramente che­gam a realizar o que esperavam. E ficam decepciona­das. Desapontamento significa “não como foi plane­jado”. Pode significar uma coisa para o filho e outra completamente diferente para o pai. Para o filho pode ser a chuva que estragou o piquenique; as coisas não aconteceram como ele tinha planejado. O pai pode ter esperado que o filho lavasse o carro e a chuva o desa­pontou também porque o carro ainda estava por lavar.

As coisas não acontecem como planejamos. Chega­mos à conclusão de que estamos vivendo num mundo transtornado e muitas vezes ficamos pensando se vamos mesmo conseguir fazer o que planejamos ou desejamos. Pois sabemos que vivemos num corpo decaído, numa sociedade decaída, com uma natureza de­caída agindo em nós. E isso nos leva a indagar de nós mesmos como devemos fazer para que alguma coisa dê certo. Como é que podemos evitar o desapontamento?

A Palavra de Deus também tem uma resposta para o problema do desapontamento. Gostaríamos de fazer algumas sugestões relacionadas com a resposta de Deus a este problema, e vamos dividir o assunto em duas áreas. A primeira área se refere às decepções causadas pelas circunstâncias. Quando Estêvão fez, perante o conselho judaico, um retrospecto da história de Israel, lembrou um incidente da vida de Moisés que deve ter sido causa de uma grande decepção, já que as circunstâncias foram contrárias à sua expectativa. “E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras” (Atos 7:22). Moisés tinha sido criado na corte de Faraó e educado em toda a sabedoria dos egípcios. Evidentemente ele tinha sido designado administrador do governo, aliviando Faraó de uma boa parte de suas responsabilidades. Era um homem de posição, influência e poder no meio do seu povo e no ambiente dos egípcios onde havia sido criado. “Quando completou quarenta anos, veio-lhe a ideia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe  a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio” (v. 23-24). Na sua função de administrador, havia matado o egípcio que perseguia um israelita. Ele calculou que seria aceito por Israel porque tinha aparecido ao povo não na qualidade de um fantoche nas mãos de Faraó, mas como um salvador, libertador dos que estavam tirani­zados e oprimidos. Muito pelo contrário, ele só pôde ficar decepcionado: “Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por in­termédio dele; eles, porém, não compreenderam. No dia seguinte aproximou-se de uns que brigavam, e procurou reconduzi-los à paz, dizendo: Homens, vós sois irmãos; por que vos ofendeis uns aos outros?” (y. 25-26). Moisés estava tentando reconciliar dois israeli­tas, irmãos de acordo com sua herança comum; ten­tando fazer com que se entendessem. No dia anterior tinha libertado um israelita das mãos do egípcio, agora estava tentando livrar um israelita de seu próprio companheiro. “Mas o que agredia ao próximo o repeliu dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós? Acaso queres matar-me como fizeste ontem ao egípcio? A estas palavras Moisés fugiu e tomou-se pe­regrino na terra de Midiã, onde lhe nasceram dois fi­lhos” (v. 27-29).

E ficou em Midiã por quarenta anos. Que decepção! Tinha razões de sobra para sentir-se deprimido por causa daquele desapontamento. Tinha-lhe sido reve­lado que Deus o havia escolhido como o libertador do povo de Israel, de modo que ele procurou usar sua autoridade de pessoa importante no governo de Faraó, para concretizar essa libertação. Quando tentou recon­ciliar dois irmãos, eles o rejeitaram, recusando-lhe o direito de agir como mediador. Eles o censuraram, desprezaram e repeliram e, com isso, Moisés teve que abandonar seu cargo, a influência e abastança de que gozava na corte, para viver como pastor nos confins do deserto.

Que mudança! Que derrocada! Ele sempre tinha vi­vido na casa de Faraó, usufruindo de todo o conforto e segurança que este lhe prodigalizava como seu admi­nistrador de confiança. E agora estava reduzido a viver cuidando de ovelhas no deserto. Moisés podia certamente achar que as circunstâncias não eram fa­voráveis aos seus planos. Poderia muito bem ter ficado desapontado. Quem sabe se muitas vezes não nos sen­timos como Moisés — nosso mundo desabou sobre nós, e aquilo que pensávamos que Deus ia realizar por nosso intermédio, continua por fazer. As circunstân­cias caem sobre nós como as muralhas de Jericó e somos colhidos por elas. Não há maneira de fugir. Não podemos nos libertar, porque as circunstâncias são ad­versas e nos colheram em suas malhas.

Qual a resposta de Deus em relação às circunstân­cias que nos desapontam? Primeiro, temos de conside­rar que o nosso Deus não é um Deus controlado por circunstâncias; mas é um Deus que controla as circuns-tâncias. Isso é uma maneira não-teológica de dizer que Deus é soberano. Ele governa tudo. Um dos privilé­gios do Filho, por exemplo, é sustentar todas as coisas pela palavra do seu poder (Hebreus 1:3). O apóstolo está-se referindo a este mundo do qual somos parte infinitesimal, e diz que todo o universo é sustentado pela palavra do poder de Deus.

Os cientistas podem falar muito sobre gravidade, mas se pedirmos a eles para definir ou explicar a gra­vidade, ficarão em dificuldades. Sabem que a gravi­dade opera e conhecem os princípios que a fazem fun­cionar, mas não sabem o que a gravidade é. A Palavra de Deus nos diz que aquilo que os cientistas chamam de gravidade é, na verdade, a palavra do poder de Cristo mantendo unidas todas as coisas. Ele tem con­trole absoluto sobre toda a criação, sobre todo o uni­verso, sobre todas as coisas que se encontram no uni­verso. É Deus que mantém todas as coisas através de seu Filho, através do poder de sua palavra; portanto, não é um Deus controlado por circunstâncias, mas um Deus que as comanda de acordo com sua vontade per­feita. O salmista diz: “Nas tuas mãos estão os meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores. Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tua misericórdia. Não seja eu envergonhado, Senhor” (Salmo 31;15-17).

O salmista declara que não está sujeito às circuns­tâncias porque sua vida está nas mãos de Deus. O mesmo Deus que comanda toda a terra também tem controle sobre o tempo; por isso ele pode dizer: “Nas tuas mãos estão os meus dias.”(Está se referindo não apenas à duração de sua vida, mas a tudo que ocorre durante a existência de uma pessoa, tudo que ocorre a cada momento do dia.)E tudo está nas mãos de Deus. O salmo 121 tem uma outra mensagem, e muitas vezes os filhos de Deus buscam nele conforto e auxílio pergun­tando: “Levantarei meus olhos para os montes?” Os montes sempre representaram segurança para os homens. Eles são, talvez, a coisa mais sólida que o homem conhece. Pareciam eternos para os antigos, por isso, o salmista disse: “Elevo os olhos para os mon­tes: de onde me virá o socorro?” E ele mesmo res­ponde: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.” Os montes poderiam parecer eternos ao pas­tor que, ora subindo, ora descendo, acompanhava as ovelhas em seus caminhos. O salmista, porém, reco­nheceu que os montes eram criação de Deus e que somente este era eterno.

Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita nem dorme o guarda de Israel. O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre (Salmo 121:3-8).

O salmista afirma que o Deus que criou, sustenta e mantém todas as coisas é soberano sobre qualquer cir­cunstância da minha vida. Controla meus passos e me protege quando durmo. Durante o dia me dá sombra. E proteção à noite. Mal algum pode me atingir. O Se­nhor guarda a minha entrada e a minha saída. Todas as circunstâncias estão sob seu controle supremo. Assim, a primeira grande afirmação que fazemos como a res­posta de Deus ao desapontamento é essa revelação de sua Palavra, que Deuse soberano e controla todas as circunstâncias da vida.

A segunda coisa que a Palavra de Deus tem para nos dizer é que, como Deus é soberano, ele tem um plano para cada um dos seus filhos. Nosso Deus é um Deus infinito. E é aí que falha a nossa compreensão porque tantas vezes nossa atenção é distraída pela multiplici­dade de detalhes que enfrentamos. Ficamos frustrados por causa deles. Uma dona-de-casa, por exemplo, está na cozinha tentando terminar o jantar e o marido está na sala lendo o jornal. Por cima do jornal ele pergunta:

“Quando vai ficar pronto o jantar?” Daí chega uma criança e pede: “Mamãe, faz isso pra mim.” No mesmo momento toca o telefone e outra criança grita pedindo socorro. A dona-de-casa fica frustrada, porque não pode dar atenção a todos ao mesmo tempo. Nós em nossa frustração e desapontamento trazemos Deus ao nosso nível de frustração e imaginamos se ele também não chegou ao limite do seu controle, não levantou as nãos, dizendo: “Desisto. Você agora que se arranje!” Mas nosso Deus é infinito, e por ser infinito, pode dis­pensar um cuidado infinito a um número infinito de detalhes ao mesmo tempo. Ele está tão profundamente interessado em cada momento fugaz de sua vida, em cada circunstância que o pressiona, e é como se você fosse o único filho de quem ele tivesse de cuidar. Deus não é apenas soberano; é também infinito. E sendo um Deus soberano e infinito, todos os detalhes estão de acordo com seu plano perfeito.

É impossível vermos as coisas como Deus as vê, porque encaramos as circunstâncias como se fossem uma nuvem que nos envolve, impedindo-nos de ver o que está além dela. Há uma enorme diferença entre estar em terra, sentindo uma tempestade sobre nós, e estar num avião a jato, acima dessa mesma tempestade. Como o ponto de vista se modifica totalmente, quando você está olhando para baixo ou para cima! As coisas que nos decepcionam são desapontamentos por­que não podemos discernir os planos de Deus e nem perceber o movimento das suas mãos. Ficamos decep­cionados porque estabelecemos nossos planos e agimos de acordo com eles. Quando falham, nosso mundo de­saba sobre nós. Quando substituímos os planos ou a vontade de Deus por nossa própria vontade, podemos ter certeza de que as circunstâncias vão nos causar l desapontamentos. Filho de Deus que já aprendeu a conhecer e seguir a sua vontade está livre dos desapontamentos causados pelas circunstâncias. Se aquilo  que havia planejado não se realiza, ele diz de coração:   “Isso deve ser a perfeita vontade de Deus para mim.” Quando se realiza, considera isso também como a von­tade de Deus, e regozija-se e louva o seu nome.  Quando um homem diz com toda a segurança o que vai fazer, como vai gastar seu tempo ou investir seu di­nheiro, e então tudo sai diferente do que esperava, não pode deixar de sentir-se decepcionado, porque substi­tuiu o plano de Deus pelo seu próprio. Felizmente Deus não nos consulta nem se submete à nossa von­tade. Se ele assim fizesse, não teríamos decepções; mas não podemos nem imaginar como seria nossa vida, se tentássemos arquitetar nossos próprios planos. De­vemos louvar a Deus porque ele não nos consulta. Como um Deus infinito, sábio, amoroso e soberano, ele nos mostra a sua vontade e seus planos e nos ensina que ficamos livres das decepções que as circunstâncias nos trazem, quando nos ajustamos perfeitamente à sua vontade e aos seus planos perfeitos. Nossos desapon­tamentos são os desígnios de Deus na realização de sua vontade perfeita em nós.

A segunda área em que temos desapontamentos se relaciona com as pessoas. E talvez essa área seja mais difícil do que a primeira. De certo modo, parece mais fácil ajustar-nos às mudanças de circunstâncias, mas muitas vezes temos de enfrentar uma decepção porque sentimos que alguém falhou em relação a nós. As Es­crituras mencionam muitas falhas de homens que cau­saram desapontamento e decepção àqueles que confia­ram neles. Pense, por exemplo, na experiência de Moi­sés quando, tremendo diante de Deus, pediu alguém que ficasse a seu lado. Deus escolheu a Arão e disse:

“ele te será por boca” (Êxodo 4:16). Moisés e Arão foram usados por Deus para dirigir o acampamento do povo de Israel. Em Êxodo 24, Deus ordena a Moisés que suba ao monte para receber a revelação de Deus e sua lei; Arão, porém, não poderia subir. Moisés, ao voltar do alto, percebe enorme agitação no acampa­mento e vem a saber que o povo foi levado a fazer um bezerro de ouro e a adorá-lo como “o Deus que os tirou do Egito”. Quem levou Israel a fazer o bezerro? Arão. Decepção com uma pessoa. Outra decepção pode ser encontrada em Números 12, quando Míriã e Arão fala­ram contra Moisés por causa da mulher etíope com quem havia se casado, porque ela era das terras do deserto onde ele havia passado quarenta anos. A lide­rança de Moisés foi questionada, sua autoridade pre­judicada, porque ambos alegavam autoridade igual à dele. E disseram: “Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado, também, por nós?” (v. 2) Quem foram os dois que causaram tamanha decepção a Moisés? Míriã e Arão. Aqueles que eram mais chegados a ele, seus próprios irmãos, falharam para com ele.

Em 2 Reis 5, lemos que o profeta Eliseu tinha um discípulo que estava sendo preparado para substituí-lo, da mesma maneira que ele tinha substi­tuído Elias como profeta de Deus. Assim tinha sido planejado e assim estava sendo feito. A mesma instru­ção que Eliseu tinha recebido de Elias estava sendo ministrada a Geazi. Mas depois do milagre em que Deus manifestou sua misericórdia a Naamã, curando-o de sua terrível enfermidade, Geazi deixou que a ga­nância entrasse em seu coração. Seguiu atrás de Naamã e mentiu, pedindo dinheiro e roupas para dois profetas pobres. Naamã acreditou no que ele dizia e deu-lhe tudo que havia pedido. Geazi escondeu o fruto de sua mentira e voltou para a casa do seu mestre, o homem que lhe dava ensino, sustento e companhia. Eliseu, então, perguntou-lhe: “Donde vens, Geazi?” Respondeu ele: “Teu servo não foi a parte alguma.” Mas Eliseu sabia de tudo. Imagine sua decepção. Tinha razões para fícar decepcionado depois de ter gasto tanto tempo e investido tamanhos esforços trei­nando uma pessoa que se mostrou indigna de ser um representante de Deus.

Em Atos 15, Paulo e Barnabé estavam se prepa­rando para fazer uma visita às igrejas que haviam fun­dado. “E Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acom­panhando no trabalho” (v. 37-38). Por que razão Paulo não queria levá-lo? Porque tinha se decepcionado com João Marcos, perdido a confiança nele e se separado dele. Em 2 Timóteo 4:10 Paulo menciona Demas, es­clarecendo: “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou.” Desapontamento. As páginas da Bíblia, do princípio ao fim, estão repletas de refe­rências a homens que sofreram decepções tanto de pessoas como devido a circunstâncias. Mas se nós temos o direito de nos sentir desapontados com os ou­tros, imagine nosso Senhor. Em João 6, depois de ter alimentado a multidão com pão, ensina que não tinha vindo para supri-los do pão material, mas para encher seu coração e sua alma com o pão dos céus, e que deviam se apropriar dele. Mas João nos diz que depois dessas palavras muitos o abandonaram, não mais an­dando em sua companhia. Depois de terem recebido benefícios, bênçãos e ensinamentos do Senhor, afastaram-se. Jesus tinha todo o direito de sentir-se decepcionado. Escolheu doze discípulos e sabia que um iria testemunhar contra ele, traindo-o e vendendo-o por trinta moedas de prata. Era seu direito decepcionar-se com Judas. Pedro o negou. Ele tinha direito de ficar desapontado com Pedro.

No entanto, nada nas Escrituras indica que Cristo tenha jamais se decepcionado com alguém apesar de todas as razões para isso. Se pudermos descobrir o que impedia a Cristo de sentir-se decepcionado com as pes­soas, creio que isso nos dará uma indicação de como evitarmos os desapontamentos. E a resposta é a se­guinte: “O próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos e não precisava que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia como era a natureza humana” (Joao 2:24-25). Essa passagem das Escrituras mostra que Jesus não se decepcionava com os homens porque não esperava deles o que não podiam cumprir ou alcançar.

   Nosso Senhor conhecia a propensão para o mal que existe no coração do homem e, sabendo disso, não se surpreendia quando alguém cedia à sua própria natu­reza e caráter.

Isso nos mostra como vivemos dentro de padrões duplos. Esperamos dos outros aquilo que não exigimos de nós mesmos; e quando cometemos as mesmas faltas que tanto nos chocam nos outros, encontramos sempre desculpas. Mas, porque é a outra pessoa que comete a falta, nós a responsabilizamos e somos levados ao de­sapontamento. Jesus conhecia exatamente a natureza dos homens, por isso não lhes atribuía padrões mais elevados do que eles podiam alcançar. Quando Jesus ministrou a última ceia e revelou aos discípulos que um deles havia de traí-lo, todos eles, um a um, fízeram-lhe a mesma pergunta: “Porventura sou eu, Senhor?” E cada um, naquele momento, sentiu dentro de si a pos­sibilidade de executar o ato que, mais tarde, foi prati­cado por Judas. Naquela hora, nenhum deles poderia ter-se decepcionado com Judas, pois sentiram que também seriam capazes de uma traição, se as circuns­tâncias os levassem a isso. Reconhecendo essa possibi­lidade, nenhum levantou a voz contra Judas quando soube que seria ele o traidor. Mais tarde, quando Jesus disse que todos eles fugiriam e o abandonariam, pro­testaram do mesmo modo: “Não eu, Senhor. Eu não faria isso.” Porque não viram em si a possibilidade de abandonar o Mestre, voltaram-se contra Pedro quando este negou a Jesus.

Vê agora a diferença? Não só temos um Deus su­premo que nos dirige dentro de um plano perfeito, que pode governar todas as circunstâncias, que nos pode livrar das decepções por elas causadas, como também temos que ter uma visão correia do homem, não fa­zendo uma avaliação demasiado favorável a ele. Em Romanos 12:3 somos advertidos a que nenhum homem “pense de si mesmo, além do que convém”. E se você não quer se desapontar com outras pessoas, então não deve estabelecer para elas um padrão mais alto do que o que estabelece para si. E aí surge o problema: A Palavra de Deus não nos responsabiliza pêlos padrões que podemos alcançar, mas por aqueles que não pode­mos. Ela diz: “santos sereis, porque eu sou santo”. Reconhecemos o padrão de Deus e nos colocamos na posição de juizes para julgar a vida das outras pessoas. Quando nos elevamos a essa posição, começamos a condenar nosso próximo; e então a decepção se instala em nós. Necessitamos de uma correia visão de Deus para não sermos levados pelas circunstâncias, e de uma visão correia do homem, de suas capacidades e de sua natureza má, para não sermos totalmente aniqui­lados por aquilo que o homem é. O crente possui duas naturezas a antiga, que é corrupta, pecadora e má, e a nova, que é a natureza que Cristo nos conferiu. Se não conseguimos reconhecer que o santo de Deus pos­sui essas duas naturezas continuaremos a nos desapon­tar com suas falhas.

Os santos de Deus – Moisés, Eliseu e Paulo que se decepcionaram com os homens, sempre tiveram de recorrer a Deus quando se conscientizaram das falhas humanas, guitas vezes tendemos a achar que os sal­vos, os escolhidos pelo Senhor para serem seus servos, aqueles que Deus usa nesse ou naquele trabalho, per­deram a capacidade de pecar. Pensamos que eles têm sentimentos, atitudes e reações diferentes dos outros Há pouco tempo ouvi uma garotinha dizendo ao pastor da sua igreja: “O senhor sabe, pastor, que é um bocado difícil eu achar que o senhor é gente?” Muitos de nós pensamos do mesmo modo a respeito dos filhos de Deus. Não conseguimos reconhecer neles os mesmos desapontamentos, o mesmo desânimo, os mesmos gos­tos e desgostos, as mesmas mágoas e as mesmas reações que se operam em nós. É muito fácil fíxar os olhos nos homens, suas faltas e fraquezas, e perder Jesus Cristo de vista.

Há ainda outro segredo para a resposta ao problema da decepção em relação às pessoas. “Portanto também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que, tenazmente, nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus” (Hebreus 12:1,.2). Quando se disputa uma cor­rida, é indispensável manter os olhos na meta não nos outros concorrentes, nem na pista, mas na meta. E cabe ao Espírito Santo nos revelar Jesus Cristo e colocá-lo diante de nós como a meta para nossa corrida. O competidor que desvia os olhos de Cristo e se ocupa com pessoas, tropeça rapidamente nas decepções. Pessoa alguma foi designada para servir de modelo a outros; essa prerrogativa pertence a Cristo. Você pode ter o melhor professor de escola dominical que alguém já teve, mas ele não deve ser o seu modelo. Ou pode se lembrar de um pastor fíei, mas ele não deve ser o seu exemplo. Você pode ter pais piedosos, mas eles não devem ser o seu modelo. O modelo e’ o senhor. E todas as vezes que você desviar os olhos dele, e começar a olhar para uma pessoa, mais cedo ou mais tarde ficará desapontado com ela e cairá em desânimo. Reconhe­cendo como o homem é, é imprescindível que olhemos firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da igno­mínia, e está assentado à destra do trono de Deus (Hebreus 12:2).

A solução para o problema da decepção, quer com situações ou com pessoas, é basicamente a mesma, e pode ser resumida em uma frase: “Olhando para Jesus.” As circunstâncias estão sob seu comando; por­tanto, nas circunstâncias olhe para ele. Ele nos foi re­velado como o caminho, a verdade e a vida. O caminho em que devemos andar é ele. A verdade que deve nortear nossa vida está nele. A vida que devemos viver está nele. Não é para as pessoas que devemos olhar. Quando pessoas ou circunstâncias abalarem ou entristecerem seu coração, olhe para Jesus, porque ele é o Deus soberano que põe em ordem todas as coisas de acordo com sua vontade perfeita, e nele reside toda a perfeição. Nele não há fracassos, e portanto não há decepções. Se você quer viver sem desapontamentos, olhe para Jesus. Contemple seu rosto. E as coisas ter­renas, com as decepções e desapontamentos que tra­zem, desvanecerão maravilhosamente, sob a luz de sua , e de sua glória.

DO LIVRO PROBLEMAS DO HOMEM – RESPOSTA DE DEUS

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